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Lindo Saveiro, realista, réplica, nautimodelismo, funcional. Escala 1:50, tamanho real 20m, tamanho da miniatura 40cm.
Saveiro, Barco A Vela Realista! A Prova D'água! Com âncora e Leme.
40 cm de comprimento.
Altura: 45cm
Largura: 14,5cm
Altura do mastro: 38cm
Dimencões Casinha: 11cmx8,5cmx4,2cm

Escala 1:50, tamanho real 20m, tamanho da miniatura 40cm.
Deck e lastro feitos em madeira Cumaru e impermeabilizado com verniz naval.
Mastro de alumínio, âncora de aço inox e leme de cobre..
Velas em polipropileno impermeabilizadas com tinta a óleo e cabos em náilon. Roldanas em ABS.
Estrutura do casco feito de massa EVA pintada com tinta a óleo amarelo, azul e preta e verniz naval.
Leme em ABS e cobre.
“Casa” em ABS pintada com tinta a óleo.
O Saveiro de Vela-de-içar exposto no Museu Nacional do Mar foi construído em Maragogipe, no Recôncavo Baiano. Utilizado como meio de transporte por cerca de 20 anos, sua última função foi carregar tijolos. Adquirido em 1992, chegou a São Francisco do Sul por via terrestre, percorrendo mais de 2 mil quilômetros.
A invenção do barco a vela, em cerca de 5.000 anos atrás, permitiu à civilização ocidental a utilização de navios como meios de transporte.
Saveiro é um tipo de embarcação com mastro e vela que é utilizado para transporte, pesca e turismo. É de uso comum em certas regiões do Brasil, como o estado da Bahia.
O estudo sobre essa embarcação ultrapassa os limites da sua contribuição para a beleza cênica, ganhando sua análise dimensões socioespaciais e territoriais, além de ter possibilitado a convivência com alguns Mestres Saveiristas. Desse modo, esse texto reflete o envolvimento com o universo em foco, sendo um dos seus objetivos contribuir para o desencadeamento de um processo de reestruturação do sistema “Recôncavo Via Saveiro” (que integra produção, transporte e comercialização), no formato proposto pela ONG socio ambientalista GERMEN4
. Parte-se assim do pressuposto de que o Saveiro é um produto de interesse econômico-cultural e socioambiental, eco eficiente e sustentável. Conforme Araújo (2008), produto é aqui compreendido, “como aquilo que é produzido pelo trabalho”. Segundo Andery et al (2004. p.11) trata-se de “uma atividade humana intencional que envolve formas de organização, objetivando a produção dos bens [e serviços] necessários à vida humana”. Deste modo, o entendimento resultante da revisão técnica do texto feita pelos autores, juntamente com o navegador e construtor naval David Hermida, reconhecido conhecedor das técnicas, dos costumes e do modo de ser dos mestres e dos trabalhadores saveiristas, assim como das características, qualidades e limitações do saveiro e dos seus habitats.
De acordo com Agostinho da Silva, apaixonado por embarcações desde a adolescência vivida em Portugal, a origem moura dos Saveiros de Vela de Içar é advinda da Península Ibérica. Remonta aos saveleiros (embarcação portuguesa do século XV, detentora de muita segurança, capacidade de carga e facilidade de manobra), barco pesqueiro, robusto, de fundo chato, especializado para a captura do savel, um peixe da família do arenque, típico do Mar do Norte. No entanto, segundo o arquiteto e navegador ucraniano Lev Smarcevski, o Saveiro foi trazido da Índia pelos portugueses, tendo sido originário do antigo Egito e da China milenar, já que Salvador era parada obrigatória na rota da navegação portuguesa, desde meados do século XVI. De todo modo, conforme Artemanha Modelismo (2009), sua origem é indiana, especificamente da cidade portuária de Goa, onde existiam ótimos artesãos, trazidos pelos portugueses para o fabrico de embarcações, tão necessárias ao seu comércio, haja vista que “o Brasil ficava a meio caminho das suas outras colônias do oriente de onde apanhavam as famosas especiarias”.
Antes de desembarcarem aqui em terras brasileiras, eles passavam um período em Portugal, onde assimilavam também a técnica para construírem as [...] caravelas [...] no vale das naus.
Depois de serem estabelecidos no Brasil, além de construírem as caravelas, notou-se a necessidade de se fazer embarcações que possibilitassem a comunicação entre os diversos povoados que afloravam às margens dos rios e do litoral daquela região. Com a falta de estradas, a comunicação se fazia basicamente pelo meio aquático. Para suprir esta necessidade apareceria o saveiro [...] Artemanha Modelismo (2009).
Esse tipo de embarcação foi muito bem adaptada, moldada e aprimorada pela população nativa aos parâmetros anemo-climáticos e geomorfológicos do Grande Recôncavo, em várias e sucessivas gerações. Tornou-se assim, fruto da evolução e da síntese de diversas culturas, do constante labor da engenharia e da arquitetura popular naval, sobretudo para o transporte de mercadorias típicas da região, oriundas das comunidades tradicionais que vivem nas margens dos rios tributários e interiores, além das ilhas e do litoral. Os controles dos métodos, tipologias, materiais empregados, as ancestrais e rigorosas técnicas, as características (medidas e proporções corretas) e a arte de entalhar madeira e fazer as velas (cortar e costurar os panos) foram aprendidas, passadas e acumuladas oralmente e sem registros, de “pai para filho” até os mestres da carpintaria de nossos dias. Essa harmoniosa complexidade das técnicas e processos envolvidos nos variados tipos de saveiros, ocorria, era desenvolvido e se aperfeiçoava em diversos estaleiros artesanais e oficinas navais rústicas, de pequeno e médio porte, em grande parte da BTS, do litoral e comunidades ribeirinhas do Grande Recôncavo, sendo todo o trabalho feito à mão, sem qualquer assistência, apoio ou incentivo.
A vulnerabilidade generalizada da fiscalização governamental vem comprometendo a aplicação da referida legislação, o que tem escasseado a jataipeba, sucupira, conduru (para os mastros), pau d’arco, Massaranduba, piquí, pau’óleo, louro, camaçari, aderno e biriba (para estopas), que suportam as intempéries e garantem a longevidade das embarcações.
A experiência dos nativos, com a seleção das melhores espécies, levou ao aperfeiçoamento dos processos de construção das embarcações. Diversos tipos de saveiro foram cuidadosamente elaborados, com o auxílio do graminho, citando-se, dentre tantos, os de Vela de Içár, em suas diferentes versões, a exemplo do “rabo-de-peixe” (proa dobrada), barra à fora, que, segundo Artemanha Modelismo (2009), era o mais clássico dentre todos. Conforme De Grande (1998), “com o instrumento, os imigrantes [indianos vindos com os colonizadores portugueses] passaram a construir os barcos indianos “lantxiar” e
“lantxiara”, que ficaram conhecidos como "lanxa" (que levava carga) e "lanxão" (que tinham dois mastros)”. Segundo a fonte supracitada, tem-se também que: “A baleeira já foi extinta; na “perua” a frente é arredondada e o “perné”, lembra as escunas. Complementando, Noronha (2004) afirma que são seis tipos de saveiros, sendo que, também não se encontram mais os do tipo: “... perua (extinta), perné (extinta) e pesqueiro (extinto)”. Os Saveirões de Carga responderam pelo elo transporte de forma não poluente e com ecoeficiência (tecnologia limpa) no seu “modus operandi”, notadamente no seu sistema de propulsão (energia eólica), navegando pela força dos ventos com boa performance (contravento, travéz e apoupado) e pouca tralha, não agredindo o meio ambiente e sem exigir infra-estrutura, além de pequenos atracadouros de madeira, construídos pelos próprios saveiristas.
O Saveiro teve papel estratégico na pesca e no transporte de carga, sendo o modo de ligação mais forte de toda a cultura ribeirinha e costeira do litoral do Grande Recôncavo, sobretudo na BTS. Há mais de quatrocentos anos inserido na paisagem marítima, sendo um cartão postal da região e do Estado, conforme Agostinho da Silva (1973), o Saveiro exercia um decisivo papel de elemento
dinamizador da economia e da cultura de Salvador e cercanias, ajudando a “esculpir” a cultura regional
e contribuindo para a formação da identidade da Bahia. Segundo Celestino (2004), os saveiros: “são referência e deixaram suas marcas na cultura, nas artes e no jeito de ser do povo, fruto de um tempo em que a vida era regrada pelo mar e pela maré”. Conforme Matta (2004), “a cidade era ao mesmo tempo ligação e fronteira entre todo aquele mundo senhorial de suas proximidades e o outro mundo da burguesia emergente advinda da Europa Ocidental e América do Norte”. O Saveiro prestou importante contribuição para o desenvolvimento de entrepostos e portos marítimos que evoluíram para assentamentos em toda a região. Foram os grandes responsáveis pelo escoamento da produção de tabaco
e açúcar dos vales do Paraguaçu e Subaé, do azeite-de-dendê e piaçava (Recôncavo Sul) e pela troca de
mercadorias, notadamente na cadeia de gêneros alimentícios (farinha, frutas, carne de fumeiro, caixas de açúcar), barris de cachaça, balaios de compras, peças de madeira, mudanças, materiais da construção civil, artesanato, mobiliário, animais vivos de pequeno e médio porte (galináceos, caprinos e suínos), dentre diversos outros produtos oriundos do Grande Recôncavo, além dos industrializados vindos da Capital, através da via marítima de abastecimento entre as localidades dessa região e a Cidade da Bahia.
Não menos importante foi a contribuição do Saveiro para a geração de divisas, escoando a produção dos engenhos de açúcar e aproximando os pequenos produtores locais do mercado
internacional através do carregamento dos navios operadores do sistema de exportação. Segundo o historiador Cid Teixeira, criado na ilha de Maré: “até o século XIX, o porto de Salvador era o maior do mundo, abaixo da linha do equador” e o saveiro “ajudou a fazer de Salvador a maior cidade européia fora da Europa até o século XIX, deixou marcas incontestáveis na história, na cultura e nas artes da Bahia”. Conforme Mattoso (1978), “Salvador não produzia os produtos exportáveis, mas era o centro de
escoamento e abastecimento de sua interlândia”. Na defesa armada, o Saveiro de Vela de Içár se constituía em uma peça militar de grande relevância durante os embates navais travados na BTS, a
exemplo da Batalha do Funil, nas proximidades da ilha de Itaparica, quando da expulsão dos
portugueses e Independência do Brasil na Bahia – comandada pelo Capitão João das Botas, em 7 de
janeiro de 1823.
Com a frota de centenas de Saveirões de Carga singrando as águas da BTS, rumo a Salvador e arredores, freqüentemente, de forma descontraída, os Mestres Saveiristas mantinham uma importante
tradição com a disputa de corridas informais (pegadas), onde suas manobras, erros e acertos serviam de
aprendizado, aperfeiçoamento e evolução das habilidades de “governo” (comando da embarcação).
Regatas oficiais e eventos religiosos regionais proporcionavam confraternizações e mais bem estar para
essa gente simples praieira, solidária e destemida.
Esse meio de transporte também contribuiu para o ir e vir de cargas e passageiros feitos hegemonicamente pelos Saveiros, desde o início da
colonização até meados do século XX, viabilizaram o comércio varejista para o abastecimento da Cidade
da Bahia e arredores. Estima-se que na década de 1930, quase quinhentas embarcações desse tipo
navegavam na região quando da primeira edição de Mar Morto, de Jorge Amado (1936). De acordo com
Celestino (2004), os seculares saveiros de carga, “nos idos de 1950, tremulavam suas velas nas águas
baianas e ditavam o modo de ser e viver das comunidades ribeirinhas e litorâneas [...]”. Conforme
Noronha (2004), “Em 1950, existiam cerca de 1.500 saveiros na Baía de Todos os Santos”. Segundo
BAHIATURSA (1974), 675 embarcações desse tipo foram inscritos no livro de Registros da Capitania
dos Portos, no período de 1963/74, sendo 37% com mais de oito metros, destinados à carga. De acordo
com Celestino (2004), “o saveiro fora o principal agente de desenvolvimento do Recôncavo nos três primeiros séculos do país”.

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