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Calcário Calcítico 250kg

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Calcário Calcítico A Calcário Calcítico B
Composição Química:

CaO - 50 a 53%

MgO - 00 a 03%

PN - 98 a 102%


PRNT - 85 a 90%

Composição Química:
Calcário Calcítico A Calcário Calcítico B
Composição Química:

CaO - 50 a 53%

MgO - 00 a 03%

PN - 98 a 102%

PRNT - 85 a 90%

Composição Química:

CaO - 53 a 55%

MgO - 03 a 05%

PN - 98 a 102%

PRNT - 85 a 90%

Determinaram-se os coeficientes de digestibilidade aparente e verdadeira do cálcio (Ca) de ingredientes
para suínos por meio de dois métodos. Foram utilizados 60 suínos machos castrados, alojados em gaiolas
de metabolismo e distribuídos em delineamento experimental inteiramente ao acaso, em arranjo fatorial 2
x 10 (métodos x tratamentos) e seis repetições por tratamento. Os tratamentos consistiram em oito
alimentos, uma ração basal (0,072% de Ca total) e uma ração com baixo teor de Ca (0,018%). Os
coeficientes de digestibilidade aparente e verdadeira do Ca foram avaliados utilizando-se
simultaneamente dois métodos: coleta total de fezes e coleta de fezes com indicador fecal (cinza ácida
insolúvel ¿ CAI). Os coeficientes de digestibilidade verdadeira do Ca, obtidos pelo método de coleta
total e pelo método de indicador fecal, foram, respectivamente: calcário calcítico 1, 84,80 e 87,33%;
calcário calcítico 2, 84,19 e 86,32%; fosfato bicálcico, 79,36 e 84,55%; fosfato monobicálcico, 83,83 e
85,81%; calcário dolomítico, 85,65 e 87,39%; farinha de carne e ossos (40% PB), 70,00 e 68,64%;
farinha de carne e ossos (50% PB), 66,92 e 68,03%; farinha de vísceras, 73,40 e 73,95%, lactato de Ca,
95,10 e 97,33%. Não houve diferença significativa (P>0,05) entre os métodos avaliados coleta total
(80,14%) e indicador fecal (82,15%).
Palavras-chave: suíno, cálcio, cinza ácida insolúvel, digestibilidade, indicador fecal
Os minerais possuem papel importante na
nutrição dos suínos, pois a deficiência ou o
excesso dietético impossibilita a expressão do
máximo desempenho na fase de crescimento.
Segundo Fawcett e Webster (1999), as variações
nos valores nutritivos das raçoes, principalmente
os níveis dos nutrientes nos ingredientes, são a
principal causa dos desvios entre o desempenho
esperado e o observado nos animais. Por isso se
faz necessário aprimoramento do conhecimento
da composição química das matérias-primas,
comumente utilizadas na alimentação animal,
sendo indispensável a revisão constante dos
valores de disponibilidade ou da digestibilidade.
Muitas vezes, os termos digestibilidade e
disponibilidade são utilizados como sinônimos.
No entanto, essa denominação varia conforme o
local do animal onde o nutriente é avaliado.
Segundo Sakomura e Rostagno (2007), a
digestibilidade é determinada pela diferença
entre a quantidade de nutriente consumido e a
excretada nas fezes; já a disponibilidade inclui os
processos de digestão, absorção e metabolismo
ou a utilização deles, sendo definida como a
quantidade de nutriente absorvido e utilizado
pelo animal. A disponibilidade dos minerais é
determinada em ensaios de crescimento, nos
quais a utilização destes é avaliada por meio de
parâmetros de desempenho e/ou deposição nos
ossos pelos animais.
Vários trabalhos de pesquisas têm sido
desenvolvidos com o objetivo de atualizar
os valores nutricionais dos alimentos
tradicionalmente utilizados na formulação de
dietas para suínos, além de buscar conhecer o
valor nutritivo de novos alimentos e subprodutos,
o que torna as tabelas de composição mais
completas e com valores mais precisos (Lelis
et al., 2009). No entanto, não existem na
literatura valores de cálcio (Ca) digestível dos
alimentos para suínos, o que pode ser explicado
pelo baixo custo das fontes de Ca nas rações. As
exigências são expressas na forma de cálcio total,
o que pode resultar em excesso e, como
consequência, gerar o antagonismo com outros
minerais, dificultando, assim, sua digestibilidade
(Fernandez, 1995).
O cálcio está intimamente ligado ao fósforo, e
uma deficiência ou excesso de um deles pode diminuir a disponibilidade e a digestibilidade do
outro, o que provoca, consequentemente, sua
excreção ao meio ambiente (Selle et al., 2008).
Desta forma, o presente trabalho foi realizado
com o objetivo de determinar os valores dos
coeficientes de digestibilidade aparente e
verdadeira do cálcio de alguns ingredientes
comumente utilizados nas formulações de rações
para suínos em crescimento, por meio de dois
métodos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Setor de
Suinocultura do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Viçosa, de acordo com
as recomendações do comitê de ética do
Departamento de Zootecnia, processo no.
20/2013.
Foram utilizados 60 suínos, machos castrados
e híbridos comerciais, com peso médio
inicial e final de 22,0±2,0kg e 43,8±2,3kg
respectivamente, distribuídos em um
delineamento experimental inteiramente ao
acaso, em arranjo fatorial 2 x 10 (dois métodos x
10 tratamentos) com seis repetições. Foram
avaliados simultaneamente dois métodos: coleta
total de fezes com e sem indicador fecal.
Os tratamentos consistiram em oito alimentos,
uma ração basal à base de milho e farelo de soja
contendo 0,072% do Ca total, de modo a atender
as exigências dos animais segundo Rostagno et
al. (2011), exceto para cálcio e fósforo, e uma
dieta de baixo cálcio contendo 0,018% de Ca
total utilizada para determinar as perdas
endógenas dos animais (Tab. 1). Os alimentos
avaliados substituíram a ração basal, em
quantidades variadas, de modo a fornecer 0,30%
de Ca total.
A porcentagem de substituição da ração basal
pelos alimentos foi: calcário calcítico 1
(0,781%), calcário calcítico 2 (0,781%), fosfato
bicálcico (1,225%), fosfato monobicálcico
(1,5%), calcário dolomítico (1,613%), farinha
carne e ossos (40% proteína bruta – PB)
(2,976%), farinha carne e ossos (50% proteína
bruta – PB) (3,29%), farinha de vísceras (7,5%),
lactato de cálcio (0,781%).Tabela 1. Composição centesimal da ração basal
e a de baixo cálcio
Ingredientes
Ração
basal (%)
Ração
baixo Ca
(%)
Milho moído 71,83 -
Milho pré-cozido - 90,00
Sabugo de milho 0,50 3,70
Farelo de soja 19,05 -
Óleo de Soja 1,50 2,00
Açúcar 3,00 -
Amido - 1,00
Carbonato de potássio - 0,65
Plasma sanguíneo 2,50 -
Sal comum 0,21 0,47
Suplemento vitamínico2
0,06 0,10
Suplemento mineral1
0,10 0,05
DL-Metionina (99%) 0,03 0,05
L-Lisina HCl (99%) 0,15 0,32
L-Treonina (98%) - 0,07
L-Valina (99%) - 0,04
L-Arginina (99%) - 0,22
Glicina - 0,15
L-Triptofano (99%) - 0,04
L-Isoleucina (99%) - 0,03
Cloreto de colina (60%) 0,06 0,10
Antioxidante 0,01 0,01
Indicador fecal (CAI) 1,00 1,00
Composição calculada
Cálcio (%) 0,072 0,018
Fósforo disponível (%) 0,103 0,054
Fósforo total (%) 0,284 0,162
Composição analisada
Cálcio (%) 0,071 0,017
Fósforo total (%) 0,281 0,160
1
1g/kg de ração de suplemento mineral contendo, por
kg de ração: ferro – 55,0mg; cobre – 11,0mg;
manganês – 77,0mg; zinco – 71,5mg; iodo – 1,10mg;
1,6g/kg de ração de suplemento vitamínico contendo,
por kg de ração: vit. A – 8250UI; vit. D3 – 2090UI;
vit. E – 31.0UI; vit. B1 – 2,20mg; vit. B2 – 5,50mg;
vit. B6 – 3,08mg; vit. B12 – 0,013mg; ácido
pantotênico – 11,0g; biotina – 0,077mg; vit. K3 –
1,65mg; ácido fólico – 0,77mg; ácido nicotínico –
33,0mg; selênio – 0,330mg.
A cada ração experimental foi adicionado 1% de
cinza ácida insolúvel ¿ Celite (CAI), usada como
indicador fecal. A quantidade de ração a ser
fornecida a cada animal foi determinada em
função do peso metabólico dos animais (peso
0,75
)
em duas refeições diárias, às oito e às 17:00
horas, e a água foi fornecida à vontade.
O período experimental foi de 10 dias, sendo
cinco dias de adaptação ás rações experimentais
e ás gaiolas e cinco dias de coleta total de fezes e
urina.
As fezes excretadas no período de 24 horas
foram coletadas em sacos plásticos e
armazenadas em freezer (-18ºC) até o final do
período de coleta (cinco dias). Depois deste
período, as fezes foram descongeladas,
homogeneizadas e secas em estufa ventilada a
55ºC, por um período de 72 horas.
Posteriormente, as amostras foram moídas e
armazenadas em potes plásticos para sua análise.
A urina excretada pelos animais foi filtrada e
recolhida em baldes plásticos contendo HCl,
para, assim, evitar a proliferação bacteriana, e foi
armazenada em geladeira (3ºC) até o final do
período de coleta (cinco dias). Depois deste
período, a urina foi homogeneizada, e retirou-se
uma alíquota de 10mL que foi mantida sob
refrigeração para posterior análise.
As análises dos teores de matéria seca e cálcio
foram realizadas de acordo com as metodologias
descritas por Silva e Queiroz (2002), e as
análises do indicador fecal (CAI) foram
realizadas segundo a metodologia descrita por
Joselyn (1970). Foi determinado o diâmetro
geométrico médio e o desvio-padrão médio dos
ingredientes testados conforme a metodologia
descrita no AOAC (1990).
Foram determinados o consumo de matéria seca
(g/dia), o consumo de cálcio total, o consumo de
cálcio da ração basal e dos alimentos (g/dia), o
cálcio na ração, nas fezes e na urina (%), a
excreção de cálcio (g/dia), o fator de
indigestibilidade, o fator de indigestibilidade
endógena e o cálcio excretado pelos animais que
receberam a dieta com baixo teor de cálcio
(cálcio endógeno, g/dia). Os dados obtidos foram
usados nas fórmulas descritas por Jongbloed e
Kemme (1990) e Rostagno e Featherston
(1977) para a obtenção dos coeficientes de
digestibilidade aparente (CDACa) e verdadeira
(CDVCa) do cálcio. Método coleta total de fezes
coeficiente do cálcio digestível aparente (CRACa)
CRACa (%) = Ca ingerido (g) – Ca excretado fezes (g) X 100
Ca ingerido (g)
coeficiente do cálcio digestível verdadeiro (CRVCa)
CRVCa (%) = [Ca ingerido (g) – (Ca excretado fezes (g) – Ca endógeno (g))] X 100
Ca ingerido (g)
2. Método do indicador fecal (CAI)
fator de indigestibilidade (FI)
FI = % CAI dieta
% CAI fezes
coeficiente de digestibilidade aparente do cálcio (CDACa)
CDACa (%) = % Ca dieta – (% Ca fezes x FI) X 100
% Ca dieta
coeficiente de digestibilidade verdadeira do Ca (CDVCa)
CDVCa (%) = %Ca dieta – (%Ca fezes x FI - %Cae x FIe) X 100
% Ca dieta
em que:
FIe = fator de indigestibilidade da dieta baixo cálcio;
Cae = cálcio endógeno excretado.
Os dados obtidos foram submetidos à análise
de variância, seguidos do teste de Dunnett, para
comparar os alimentos usando o calcário
calcítico 1 como contraste. Foi utilizado o pacote
estatístico SAEG (Sistema..., 2001),
desenvolvido na Universidade Federal de Viçosa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média das temperaturas máxima e mínima, no
período experimental, foi de 16 e 22ºC,
respectivamente. A excreção endógena obtida
para suínos foi de 0,299g/animal/dia
(0,541g/animal/kg MS consumida), estimada
para animais com peso médio de 22kg em 0,029g
Ca/peso0,75. Fernandez (1995), ao medir a
digestibilidade do cálcio radioativo em suínos em
crescimento, estimou as perdas endógenas em
0,546g Ca/animal/dia (0,988g Ca/animal/kg MS
consumida) e citou excreção de 0,038g
Ca/peso0,75 para animais com peso médio de
35kg, valores estes superiores aos encontrados
neste trabalho.
Na Tab. 2, são apresentados os conteúdos de
cálcio total e os valores do diâmetro geométrico
médio (DGM) e do desvio-padrão geométrico
(DPG) dos ingredientes avaliados em suínos.
Tabela 2. Conteúdo de cálcio total (Ca total) e valores do diâmetro geométrico médio (DGM) e do
desvio-padrão geométrico (DPG) dos ingredientes avaliados em suínos (na MN)
Alimentos Ca total (%)
1 DGM1 DPG1
Calcário calcítico 1 36,69 607µm 2,76
Calcário calcítico 2 36,05 630µm 2,78
Fosfato bicálcico 20,58 660µm 2,30
Fosfato monobicálcico 18,32 593µm 2,62
Calcário dolomítico 25,04 432µm 1,85
Farinha carne e ossos 40% PB 15,10 584µm 1,47
Farinha carne e ossos 50% PB 9,51 630µm 2,31
Farinha de vísceras 5,40 644µm 1,45
Lactato de cálcio 19,35 384µm 2,15
1Valores determinados
Os ingredientes que apresentaram um DGM
maior foram o fosfato bicálcico (660µm), a
farinha de vísceras (644µm) e a farinha de carne
e ossos de 50% PB (630µm), e os que
apresentarem um menor DGM foram o lactato de
cálcio (384µm) e o calcário dolomítico (432µm).
Trabalhos têm mostrado que o tamanho de
partícula é o fator mais determinante na
disponibilidade do cálcio e do fósforo nos
fosfatos desfluorizados (Ammerman et al.,
1995). No entanto, Ross et al. (1984), ao
avaliarem a disponibilidade do calcário calcítico
com DGM entre 0,11 e 0,40mm e do calcário
dolomítico com DGM entre 0,06 e 0,24mm para
suínos em crescimento, verificaram que o
tamanho de partícula não influenciou a
disponibilidade do cálcio das fontes testadas
no parâmetro ósseo avaliado e estimaram
disponibilidade de 99% para o calcário calcítico
e de 78% para o calcário dolomítico.
A urina dos animais experimentais foi analisada
por meio do espectrofotômetro de absorção
atômica segundo a metodologia de Silva e
Queiroz (2002). Não foram encontrados valores
de cálcio nas amostras analisadas. Bindels (1993)
cita que aproximadamente 98% do cálcio filtrado
é reabsorvido ao longo de todo o néfron
nos mamíferos. Esse processo é regulado
hormonalmente, sobretudo pelo PTH e pela
vitamina D, os quais respondem ao consumo de
cálcio. Igualmente, Benson et al. (1964)
informaram que os animais respondem a um
mecanismo adaptativo de acordo com a ingestão
de cálcio dietético; assim, quando o consumo é
baixo, o animal tem a capacidade de aumentar a
retenção deste, de modo a ativar os sistemas de
absorção transcelular no intestino e a reabsorção
nos rins por meio do estímulo do PTH. Esse fato,
somado ao baixo nível de cálcio e fósforo
dietético nas rações dos animais experimentais,
pode explicar a não detecção de valores de cálcio
na urina dos animais.
Os valores médios dos coeficientes de
digestibilidade aparente (CDA) e verdadeira
(CDV) do cálcio dos ingredientes avaliados, para
suínos em crescimento, encontram-se na Tab. 3.
Não houve diferença significativa entre os
métodos de coleta total e do indicador fecal (P>0,05) sobre os coeficientes de digestibilidade
aparente (80,36 e 81,96%, respectivamente) e
verdadeira do cálcio (80,14 e 82,15%,
respectivamente). O método de coleta total foi o
que proporcionou menor valor numérico, tanto
nos coeficientes de digestibilidade aparente
quanto nos coeficientes de digestibilidade
verdadeira, em comparação ao método do
indicador. Cheng e Coon (1990) relatam
que a CAI pode aumentar a digestibilidade dos
nutrientes devido à alta ingestão de sílica. Níveis
superiores a 2% na dieta podem reduzir a
passagem da digesta no intestino e, assim,
melhorar a digestibilidade dos nutrientes,
entretanto valores obtidos nas rações
experimentais (1,082±0,078% de CAI) foram
menores a esse valor, o que possivelmente não
teve efeito sobre a digestibilidade do Ca.
Os resultados obtidos estão de acordo com Ly et
al. (2001), que compararam o método de coleta
total de fezes com o método do indicador fecal
utilizando CAI, em suínos. Não encontraram
diferenças significativas (P>0,05) entre os dois
métodos, nos coeficientes de digestibilidade da
matéria seca (80,0 e 81,0%), fibra em detergente
neutro (80,2 e 79,9%) e nitrogênio (84,6 e
84,1%), respectivamente. Os resultados também
são semelhantes aos relatados por Grageola et al.
(2011), que, ao compararem dois genótipos e os
métodos de coleta total e do indicador fecal
usando a CAI em suínos em crescimento, não
encontraram diferenças significativas (P>0,05)
nos coeficientes de digestibilidade da matéria
seca (86,9 e 85,2%), do nitrogênio (83,1 e
84,4%) e da energia (84,9 e 84,3%),
respectivamente.
Sales e Janssens (2003) compararam estudos de
digestibilidade com o método de coleta total e do
indicador fecal usando a CAI em diferentes
alimentos e espécies. Dos 45 trabalhos
analisados, 26 apresentaram resultados similares
entre os dois métodos em estudo, nove
subestimaram os valores de digestibilidade com
o uso de CAI e 10 os superestimaram. Desta
forma, a CAI é considerada um indicador
confiável com diversas vantagens que podem ser
usadas com sucesso para determinar a
digestibilidade fecal em diferentes espécies.
. Vet. Zootec., v.66, n.5, p.1539-1546, 2014 1543
Os ingredientes que apresentaram um DGM
maior foram o fosfato bicálcico (660µm), a
farinha de vísceras (644µm) e a farinha de carne
e ossos de 50% PB (630µm), e os que
apresentarem um menor DGM foram o lactato de
cálcio (384µm) e o calcário dolomítico (432µm).
Trabalhos têm mostrado que o tamanho de
partícula é o fator mais determinante na
disponibilidade do cálcio e do fósforo nos
fosfatos desfluorizados (Ammerman et al.,
1995). No entanto, Ross et al. (1984), ao
avaliarem a disponibilidade do calcário calcítico
com DGM entre 0,11 e 0,40mm e do calcário
dolomítico com DGM entre 0,06 e 0,24mm para
suínos em crescimento, verificaram que o
tamanho de partícula não influenciou a
disponibilidade do cálcio das fontes testadas
no parâmetro ósseo avaliado e estimaram
disponibilidade de 99% para o calcário calcítico
e de 78% para o calcário dolomítico.
A urina dos animais experimentais foi analisada
por meio do espectrofotômetro de absorção
atômica segundo a metodologia de Silva e
Queiroz (2002). Não foram encontrados valores
de cálcio nas amostras analisadas. Bindels (1993)
cita que aproximadamente 98% do cálcio filtrado
é reabsorvido ao longo de todo o néfron
nos mamíferos. Esse processo é regulado
hormonalmente, sobretudo pelo PTH e pela
vitamina D, os quais respondem ao consumo de
cálcio. Igualmente, Benson et al. (1964)
informaram que os animais respondem a um
mecanismo adaptativo de acordo com a ingestão
de cálcio dietético; assim, quando o consumo é
baixo, o animal tem a capacidade de aumentar a
retenção deste, de modo a ativar os sistemas de
absorção transcelular no intestino e a reabsorção
nos rins por meio do estímulo do PTH. Esse fato,
somado ao baixo nível de cálcio e fósforo
dietético nas rações dos animais experimentais,
pode explicar a não detecção de valores de cálcio
na urina dos animais.
Os valores médios dos coeficientes de
digestibilidade aparente (CDA) e verdadeira
(CDV) do cálcio dos ingredientes avaliados, para
suínos em crescimento, encontram-se na Tab. 3.
Não houve diferença significativa entre os
métodos de coleta total e do indicador fecal
(P>0,05) sobre os coeficientes de digestibilidade
aparente (80,36 e 81,96%, respectivamente) e
verdadeira do cálcio (80,14 e 82,15%,
respectivamente). O método de coleta total foi o
que proporcionou menor valor numérico, tanto
nos coeficientes de digestibilidade aparente
quanto nos coeficientes de digestibilidade
verdadeira, em comparação ao método do
indicador. Cheng e Coon (1990) relatam
que a CAI pode aumentar a digestibilidade dos
nutrientes devido à alta ingestão de sílica. Níveis
superiores a 2% na dieta podem reduzir a
passagem da digesta no intestino e, assim,
melhorar a digestibilidade dos nutrientes,
entretanto valores obtidos nas rações
experimentais (1,082±0,078% de CAI) foram
menores a esse valor, o que possivelmente não
teve efeito sobre a digestibilidade do Ca.
Os resultados obtidos estão de acordo com Ly et
al. (2001), que compararam o método de coleta
total de fezes com o método do indicador fecal
utilizando CAI, em suínos. Não encontraram
diferenças significativas (P>0,05) entre os dois
métodos, nos coeficientes de digestibilidade da
matéria seca (80,0 e 81,0%), fibra em detergente
neutro (80,2 e 79,9%) e nitrogênio (84,6 e
84,1%), respectivamente. Os resultados também
são semelhantes aos relatados por Grageola et al.
(2011), que, ao compararem dois genótipos e os
métodos de coleta total e do indicador fecal
usando a CAI em suínos em crescimento, não
encontraram diferenças significativas (P>0,05)
nos coeficientes de digestibilidade da matéria
seca (86,9 e 85,2%), do nitrogênio (83,1 e
84,4%) e da energia (84,9 e 84,3%),
respectivamente.
Sales e Janssens (2003) compararam estudos de
digestibilidade com o método de coleta total e do
indicador fecal usando a CAI em diferentes
alimentos e espécies. Dos 45 trabalhos
analisados, 26 apresentaram resultados similares
entre os dois métodos em estudo, nove
subestimaram os valores de digestibilidade com
o uso de CAI e 10 os superestimaram. Desta
forma, a CAI é considerada um indicador
confiável com diversas vantagens que podem ser
usadas com sucesso para determinar a
digestibilidade fecal em diferentes espécies.
Salguero et al.
1544 Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.66, n.5, p.1539-1546, 2014
Tabela 3. Coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) e verdadeira (CDV) de Ca dos diferentes
ingredientes para suínos, por meio de dois métodos
Alimentos
CDA1
Média
(%)
CDV2
Média
(%) Coleta total
(%)
Indicador fecal
(%)
Coleta total
(%)
Indicador
fecal (%)
Calcário
calcítico 1 84,79 87,02 85,91±0,91 84,80 87,33 86,06±1,03
Calcário
calcítico 2 84,19 86,21 85,20±0,83 84,19 86,32 85,26±0,87
Fosfato bicálcico 79,35 84,54 81,95±2,12 79,36 84,55 81,95±2,12
Fosfato
monobicálcico 83,83 86,13 84,48±0,53 83,83 85,81 84,82±0,81
Calcário
dolomítico 85,64 87,19 86,41±0,63 85,65 87,39 86,52±0,71
Farinha carne e
ossos 40% PB 70,02 68,80 69,41±0,50* 68,00 68,64 68,32±0,56*
Farinha carne e
ossos 50% PB 66,91 67,81 67,36 ±0,30* 66,92 68,03 67,48±0,39*
Farinha de
vísceras 73,39 73,80 73,59±0,17* 73,40 73,95 73,68±0,22*
Lactato de cálcio 95,10 97,11 96,11±0,82* 95,10 97,33 96,21±0,91*
Média 3
80,36±2,96a 81,96±2,72a 80,14±2,96a 82,15±2,76a
1Coeficiente de variação = 6,18%.
2Coeficiente de variação = 6,15%.
3Média do método±erro-padrão da média, ANOVA.
*Contraste do alimento controle (calcário calcítico 1) vs. a média do alimento testado significativo pelo teste de
Dunnett (P<0.05).
Em comparação ao calcário calcítico 1, o
alimento que apresentou a melhor digestibilidade
foi o lactato de Ca, tanto nos coeficientes de
digestibilidade aparente como nos coeficientes
de digestibilidade verdadeira (96,10 e 96,21%,
respectivamente). Isso pode ser explicado pelo
fato de que o Ca, na presença de lactose, forma
um complexo que auxilia na redução do pH
devido à formação de ácidos produzidos por
fermentação bacteriana e inibição do
metabolismo celular aeróbico, o que aumenta a
digestibilidade do Ca (Lindsay et al., 1982).
Igualmente, Greger et al. (1987) determinaram a
absorção aparente de Ca do lactato de Ca em
ratos desmamados e verificaram a alta
digestibilidade dessa fonte de Ca (104%).
O valor médio do coeficiente de digestibilidade
aparente obtido para o calcário calcítico 1
(85,91%) foi superior ao apresentado por
Fernandez (1995), o qual, com o uso de isótopos
radioativos, avaliou a digestibilidade do Ca e
encontrou valores de 65,0% para a
digestibilidade aparente do carbonato de Ca.
Os ingredientes que apresentaram menores
coeficientes de digestibilidade aparente e
verdadeira foram: farinha de carne e ossos 40%
PB (CDA 69,32% e CDV 69,41%), farinha de
carne e ossos 50% PB (CDA 67,36% e CDV
67,48%) e farinha de vísceras (CDA 73,67% e
CDV 73,59%). Lindsay et al. (1982) relataram
que o consumo elevado de proteínas está
relacionado com a diminuição na absorção de Ca
e o aumento de excreção renal, o que pode
explicar os baixos coeficientes de digestibilidade
tanto aparente quanto verdadeira encontrados
nesses ingredientes.
Segundo Loghman-Adham (1993), o cálcio e o
fósforo estão intimamente ligados e o excesso ou
a deficiência de um deles provoca desequilíbrio
na sua relação exata, o que afeta negativamente a
eficiência da absorção; esta resposta adaptativa
depende do aporte dietético da fonte desses
minerais. As farinhas de carne e ossos (40 e 50%
PB) e a farinha de vísceras possuem uma alta
quantidade de cálcio e fósforo (13,07 e 6,53%,
10,56 e 5,28%; 4,34 e 4,68%, respectivamente,
segundo Rostagno et al., 2011), o que pode
afetar seu balanço exato no intestino e,
como consequência, provocar a diminuição da
sua digestibilidade. É possível que os
alimentos de origem animal, devido ao
seu alto conteúdo e desequilíbrio de Ca e P,desses nutrientes.
Os ingredientes de origem inorgânica
apresentaram as maiores médias dos coeficientes
de digestibilidade verdadeira de Ca: calcário
calcítico 1 (86,06%), calcário calcítico 2
(85,26%), fosfato bicálcico (81,95%), fosfato
monobicálcico (84,82%), calcário dolomítico
(87,39%) e lactato de cálcio (96,21%).
Ammerman et al. (1995) apresentam valores de
disponibilidade do cálcio para suínos, obtidos
por diferentes autores, sendo 80% para o
carbonato de cálcio PA, 99% para o calcário
calcítico e 78% para o calcário dolomítico, em
experimentos em que o parâmetro avaliado foi a
força de quebra do osso.
Os teores de Ca total e de Ca digestível
verdadeiro dos ingredientes, obtidos utilizandose
os valores médios dos coeficientes
de digestibilidade verdadeira para suínos
encontram-se na Tab. 4.
Tabela 4. Conteúdo de cálcio total (Ca total) e de
cálcio digestível verdadeiro (Ca dig) dos
ingredientes para suínos em crescimento
Alimentos Ca total1
(%)
Ca dig
(%)
Calcário calcítico 1 36,69 31,58
Calcário calcítico 2 36,05 30,74
Fosfato bicálcico 20,58 16,87
Fosfato monobicálcico 18,32 15,54
Calcário dolomítico 25,04 21,66
Farinha carne e ossos
40% PB 15,10 10,32
Farinha carne e ossos
50% PB 9,51 6,42
Farinha de vísceras 5,40 3,98
Lactato de cálcio 19,35 18,62
1 Valores analisados.
CONCLUSÕES
Os métodos de coleta total de fezes e do
indicador fecal usando a CAI para a
determinação da digestibilidade do cálcio podem
ser utilizados para a determinação da
digestibilidade do cálcio em ingredientes para
suínos. Os coeficientes de digestibilidade
verdadeira do Ca, obtidos pelos métodos de
coleta total e do indicador fecal, foram,
respectivamente: calcário calcítico 1, 84,80 e
87,33%; calcário calcítico 2, 84,19 e 86,32%;

CaO - 53 a 55%

MgO - 03 a 05%

PN - 98 a 102%

PRNT - 85 a 90%

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